13/10/2016
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O acentuado índice de renovação dos prefeitos nas eleições deste ano evidenciou a expectativa dos brasileiros quanto às medidas necessárias à retomada do crescimento econômico, combate à corrupção e solução dos problemas que tanto têm incomodado a sociedade.
Foi importante que esse anseio por mudanças tenha se manifestado no pleito municipal, pois é muito forte o vínculo da cidadania com o poder político das cidades. Afinal, dentre todas as unidades federativas é nelas que as pessoas efetivamente moram, trabalham, estudam e são atendidas pelos sistemas de saúde, transportes e educação. Há uma relação física direta entre os indivíduos e o ambiente urbano, ao contrário da interação com os estados e a União, com os quais o vínculo é político, de cidadania e indireto.
É também nas cidades que se observam, na prática e a olho nu, os efeitos da grave crise econômica enfrentada pelo Brasil. O elevado índice de desemprego é perceptível nas ruas, na multiplicação das placas de “aluga-se” e “passa-se o ponto”, nas lojas vazias e nas longas filas das vagas de empregos. Por isso mesmo, é importante que os novos prefeitos contribuam para que a economia dos municípios seja dinamizada, pois a somatória de cidades prósperas e desenvolvidas pode constituir um novo Brasil.
Há imenso potencial para que os municípios sejam o epicentro de um novo ciclo de crescimento. É possível mensurar isso a partir dos números do setor de transformação do plástico na cidade de São Paulo, onde há 1,4 mil empresas do setor, que formam o segundo maior segmento da manufatura na capital paulista, empregando 7% do total da mão de obra industrial.
Nesse aspecto, podemos constatar a importância da retomada da economia local, lembrando que, de 2012 a 2015, a indústria de transformação paulistana dispensou 94 mil trabalhadores, uma queda de 19%. Desse total, 6,5 mil demissões foram no setor do plástico (redução de 20%). É fundamental resgatar esses postos de trabalho.
Dentre os principais setores empregadores industriais na maior cidade brasileira, o de plásticos é a atividade com o menor potencial poluidor e amplas possibilidades de reciclagem. Ademais, não exige espaços muito grandes para operar e agrega valor tanto à matéria-prima, como também é importante elo na cadeia de produção de diversos bens consumidos pela população, como nas embalagens de alimentos, utilidades domésticas, acessórios de construção civil, produtos médico-hospitalares, eletroeletrônicos, móveis, automóveis e brinquedos.
O fomento da indústria do plástico pode potencializar a geração de emprego no município de São Paulo, intensificar a aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), com forte influência na qualidade da vida, ampliar a sustentabilidade econômica, social e ambiental e aproveitar zonas industriais urbanas para desenvolver polos de produção.
O exemplo relativo ao potencial da indústria do plástico demonstra com clareza como estratégias eficazes das prefeituras podem contribuir para a recuperação do Brasil. Claro que isso também depende das reformas da previdência, tributária e trabalhista, redução dos juros e equilíbrio fiscal do setor público, dentre outras medidas de caráter federal. Entretanto, o impulso das mudanças políticas onde a vida realmente acontece é um novo ânimo para a infinita capacidade dos brasileiros de reciclar a esperança!
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (ABIPLAST).