17/05/2022
Por José Ricardo Roriz Coelho*
Mais que uma simples data para balanços numéricos e um olhar para o passado, o Dia Internacional da Reciclagem, celebrado em 17 de Maio, precisa ser o momento de a sociedade olhar adiante e agir por um modelo de economia circular em que o consumo e sustentabilidade não andem em vias transversais, e sim, que caminhem lado a lado.
Representante do setor de transformados plásticos e reciclagem, a ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) tem adotado uma série de medidas em defesa da circularidade da economia – que possibilitará a exploração de novas funções e aplicações do plástico, esse que é um material transversal, presente em mais de 95% da matriz industrial, indutor da inovação e na vanguarda das transformações.
Um dos desafios para a circularidade, debate em que se insere hoje a reciclagem de materiais, é a adoção de um modelo de logística reversa – que se refere ao fluxo físico de produtos, embalagens ou outros materiais, desde o ponto de consumo até o local de origem.
Nesse sentido, a ABIPLAST vai lançar na primeira quinzena de junho o projeto “Descarta Aí”, uma ação para fomentar a reciclagem de baldes e suas tampas, e que possibilitará a consumidores domiciliares e profissionais autônomos da construção civil uma opção ambientalmente adequada e de fácil acesso para o descarte após o consumo de tintas. Eles serão destinados para a reciclagem e transformação em novos produtos.
Em uma etapa piloto, o “Descarta Aí” disponibilizará pontos de entrega no país – a maior parte na cidade de São Paulo, mas também em capitais de outras regiões brasileiras.
Um estudo de 2021 encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast) apontou que 23,1% dos resíduos plásticos de ciclo de vida curto e equiparáveis, no Brasil, foram reciclados em 2020. O levantamento é realizado anualmente, desde 2018, pela MaxiQuim, empresa de avaliação de negócios na indústria química com foco em análise de mercados e competitividade.
A terceira pesquisa sobre reciclagem mecânica do material, de 2021, foi resultado da parceria entre a ABIPLAST e a Braskem, maior petroquímica das Américas. Segundo o estudo, em 2020 foram consumidas 1,4 milhão de toneladas de resíduo plástico na reciclagem, representando um crescimento de 5,8% em comparação a 2019. Um milhão de toneladas são de plástico pós-consumo, ou seja, material descartado em domicílios residenciais e em locais como shoppings centers, estabelecimentos comerciais, escritórios, entre outros, e 368 mil toneladas de plástico pós-industrial, como sobras dos processos da indústria petroquímica, de transformação de plásticos e da própria reciclagem de plásticos.
Além disso, dados do Perfil do Plástico 2020, publicado em 2021 pela ABIPLAST, informam que o segmento de transformados plásticos e reciclagem, no período analisado, contou com 326.759 pessoas empregadas e um total de 10.891 empresas (este, dado de 2019), com um faturamento de R$ 90,8 bilhões e produção física de 7,3 milhões de toneladas – o que coloca a cadeia do plástico como quarto maior empregador dentre os setores da indústria de transformação brasileira e, dentre os cinco maiores, o 2° que paga os melhores salários.
A adoção de ações por uma logística reversa mais eficaz, como a que a ABIPLAST vislumbra com o projeto “Descarta Aí”, não apenas possibilita melhores perspectivas de negócio aos vários atores do mercado, como assegura um modelo de consumo mais sustentável e consciente sobre o mundo que queremos.
* JOSÉ RICARDO RORIZ COELHO é presidente da ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico – e do SINDIPLAST – Sindicato da Indústria de Material Plástico, Transformação e Reciclagem de Material Plástico do Estado São Paulo.