MULHERES NA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO: HISTÓRIAS DE RESILIÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO

    06/03/2025

    Segundo estudo da CNI, participação feminina em cargos de gestão na indústria cresceu de 35,7% para 39,1% na última década

    A presença feminina na indústria do plástico vem ganhando força nas últimas décadas, impulsionada por políticas de equidade e lideranças inspiradoras que desafiam barreiras históricas. O estudo ‘Mulheres no Mercado de Trabalho’ da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que, em 2023, a participação das mulheres em cargos de gestão alcançou 39,1%. Além disso, o crescimento do número de mulheres empregadas na indústria foi três vezes superior ao das demais categorias, atingindo 32,5% nos últimos treze anos.

    Entre as ações mais adotadas pelas empresas para reduzir a desigualdade de gênero na indústria, destacam-se a política de paridade salarial (77%), proibição da discriminação de gênero (70%) e programas de qualificação para mulheres (56%). Além disso, iniciativas para estimular a presença feminina em cargos de chefia (42%) e a ampliação da licença-maternidade para seis meses (38%) também figuram como medidas importantes.

    No setor de plásticos, há exemplos marcantes de mulheres que vêm transformando a realidade industrial e criando novas oportunidades. Maria da Conceição Rebouças Duarte Tavares, presidente do Sindicato da Indústria de Material e Laminados Plásticos do Rio Grande do Norte (Sindiplast-RN), considerada uma das figuras mais respeitadas no setor, familiarmente chamada de Dona Conceição, ela tem sido uma voz ativa na defesa da inclusão das mulheres na indústria e na promoção de iniciativas voltadas para o fortalecimento do setor plástico no Brasil. “Ser mulher e estar à frente de uma indústria há 40 anos é realmente um desafio grande, haja vista que esse segmento até hoje permanece muito masculino. Atualmente o cenário já melhorou bastante, onde temos muitas mulheres em cargos de liderança, porém ainda existe a desigualdade salarial baseada no gênero. A própria FIESP mostra em dados recentes que a paridade salarial entre homens e mulheres só ocorrerá em 2035”, afirma a presidente do Sindicato no Rio Grande do Norte.

     

     

     

     

     

     

     

    Maria da Conceição Rebouças Duarte Tavares, presidente do Sindicato da Indústria de Material e Laminados Plásticos do Rio Grande do Norte (Sindiplast-RN)

    “Eu me sinto muito honrada por ter me destacado no setor plástico. Com isso, abri portas para outras colegas também ocuparem cargos de destaque. Diria que não é fácil, temos que trabalhar muito mais que o homem para mostrar que somos boas no que fazemos, infelizmente ainda é assim. Portanto, meu conselho é que estabeleçam metas, estudem muito, e se especializem”, argumenta Conceição.

    Outro nome relevância no setor é Ivana Serpre Braga, presidente do Conselho de Gestão e Competitividade na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e do Sindicato das Indústrias de Material Plástico de Minas Gerais (SIMPLAST), sua atuação inclui a criação de um setor de reciclagem operado exclusivamente por mulheres, oferecendo trabalho digno e capacitação profissional. “Na fábrica, temos uma área dedicada exclusivamente às mulheres: o setor de reciclagem. Por ser um trabalho manual, essa atividade trouxe dignidade e oportunidades para muitas delas. Lembro que um dos primeiros desafios quando ingressei na área foi a necessidade de construir um banheiro feminino no posto de trabalho, algo que antes não existia. É uma conquista diária”.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    Ivana Serpre Braga, presidente do Conselho de Gestão e Competitividade na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e do Sindicato das Indústrias de Material Plástico de Minas Gerais (SIMPLAST)

    Para ela, a principal barreira enfrentada pelas mulheres na indústria ainda é o reconhecimento. “Como mulher, sei que às vezes a sociedade não enxerga nosso valor. No mercado industrial isso é absurdo. Eu falo que toda mulher é muito capaz, que ela não deve se levar pelo ambiente, se ela tem convicção do que quer dizer, da capacidade dela, do ambiente que quer frequentar, ela pode tudo”, enfatiza a executiva.

    Ivana também se destaca por sua liderança na realização de feiras do setor de plásticos em Minas Gerais, um feito inédito no estado. Seu trabalho reforça a importância da participação feminina em espaços de decisão e no fomento ao desenvolvimento industrial.

    A trajetória dessas líderes evidencia que a presença feminina na indústria do plástico não apenas cresce em números, mas também em impacto e transformação. Com políticas inclusivas e exemplos inspiradores, a participação delas segue conquistando novos espaços e redefinindo o futuro do setor.

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