29/09/2015
Mesmo que o Brasil não estivesse às voltas com aquela que talvez seja a mais grave crise econômica de sua História, ainda assim as companhias nacionais teriam de procurar novas e melhores formas de produzir e atuar. Isso é o que se pode deduzir da exposição feita pelo vice-presidente regional do Grupo ASSA, Federico Tagliani, durante o Seminário Competitividade, realizado conjuntamente pela Abiplast e a Plásticos em Revista, no Hotel Meliá Paulista, dia 24/9.
“O Brasil não é tão grande que possamos nos esconder do que acontece no mundo”, ele ressaltou. “Há uma transformação puxada pelas tecnologias. Redes sociais impactam nos negócios e quem não faz nada corre o risco de sair do mercado”, observou, fazendo uma ligeira provocação àqueles que preferem empatar capital no mercado financeiro em vez de investir em produção e inovação.
A indústria inteligente, segundo ele, integra dados e informações baseados em redes que proveem o entendimento, o raciocínio, o planejamento e o gerenciamento de todos os aspectos da fabricação e da cadeia de suprimentos.
De acordo com o especialista, vivemos hoje a quarta revolução industrial: a primeira se deu com o advento da máquina a vapor; a segunda, com a massificação da produção; a terceira se deu com o controlador lógico programável; e, hoje, estamos na era dos sistemas cyber-físicos (CPS), em que temos a colaboração de elementos computacionais controlando os processos físicos. Estes podem ser aplicados às áreas mais diversas – aeroespacial, automotivo, química, infraestrutura civil, energia, saúde, manufatura, transporte, entretenimento e produtos de consumo.
As novas aplicações analíticas avançadas podem processar bilhões de dados gerados a partir de todos os objetos em rede, conectados por dispositivos, sensores etc. E, de acordo com Tagliani, a implantação de Sistemas Inteligentes de Fabricação desenha os contornos da transformação no setor industrial mais avançado no mundo.
As economias mais maduras estão atentas a essa tendência. O governo norte-americano, por exemplo, lançou vários planos orientados à modernização do seu setor produtivo, incluindo a criação de institutos de inovação em todo o país. Destacam-se a fabricação aditiva (Impressão 3D) em Ohio, “Low Power Semiconductor Manufacturing”, na Carolina do Norte, e de produção digital e “Design Innovation” (DMDI) e Materiais leves em Michigan.
Na Alemanha, a Indústria 4.0 é uma iniciativa nacional. Lançada na Feira de Hannover em 2013, capturou a atenção de diversos segmentos da manufatura global, e o governo criou um plano baseado em CPS para fomentar sua nova Revolução Industrial.
Na América Latina, ainda estamos engatinhando nesta seara. “E a era da indústria inteligente não comporta atitudes de isolamento”, alerta Tagliani, que cita como exemplo de nossa propensão ao isolamento a adoção do padrão de tomada de três pinos em todo o território nacional.
De acordo com o palestrante, é preciso que o Brasil adote uma agenda de inserção nessa nova “revolução”. E enfatiza: “Recriar uma indústria possível exige criatividade. Devemos participar dos processos abertos de normatização internacional, qualificar nossa mão de obra, otimizar a cadeia de importação e exportação, fomentar a criação de comissões-espelho na ABNT e coordenar investimentos públicos e privados para acelerar o desenvolvimento de um ecossistema nacional de indústria inteligente, com foco nas vertentes em que existas necessidades e/ou vocações brasileiras”.