Por um setor plástico mais competitivo

    12/06/2015

    No primeiro semestre de 2015, o saldo da balança comercial da indústria de transformação do plástico, apesar de o dólar valorizado desestimular importações, acumulou déficit de USS 619,9 milhões. Isso demonstra que nossas desvantagens no comercio exterior anulam a influência positiva exercida pela desvalorização de nossa moeda. O problema, comum a toda a manufatura nacional, está expresso com clareza no Ranking Global de Competitividade do IMD ( International Institute for Management Development).

    No estudo, que acaba de ser divulgado, o Brasil atingiu sua pior classificação histórica, ficando em 56º lugar, dentre 61 países. O relatório do IMD corrobora o Índice de Competitividade das nações, da Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que já havia indicado: nossa economia, dentre 43 analisadas, ficou na 39ª posição. Classificação também bastante negativa.

    O relatório da FIESP, elaborado pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia, do qual sou diretor, mostra uma realidade indiscutível, também escancarada em outro estudo do mesmo órgão, que aponta: a baixa qualidade da infraestrutura, a carga tributária elevada, os juros altos e a burocracia, fatores que compões o chamado “custo Brasil”, encarecem 23,4% os nossos produtos em comparação à media dos 15 países que mais concorrem com nossa economia no mercado global. São custos que oneram e afetam todas as empresas, independentemente de sua estratégia e eficiência produtiva.

    Esse problema é grave, pois reduz muito nossa competitividade. Tal gargalo somente poderia ser amenizado com políticas de Estado. Essas, entretanto, não estão sendo implementadas com a urgência e profundidade das quais o país necessita.

    Todos os indicadores e estudos mostram que as outras nações estão andando numa velocidade maior do que a nossa. As que estão mais à frente em competitividade, conforme se pode constatar analisando os dados históricos, realizaram um plano estratégico e tiveram disciplina e método na sua execução. O Brasil não tem um projeto de país. Segue improvisando. Assim, mais do que nunca, são urgentes seis ações básicas: simplificação e redução da carga tributária para o setor produtivo; menor custo do financiamento; equilíbrio cambial; investimentos em infraestrutura; pesquisa e desenvolvimento (P&D); e avanço da educação.

    Não fizemos isso no momento de mais prosperidade nos últimos dez anos. Perdemos boa oportunidade. Agora, estamos pagando um preço alto, com o agravante de que essas lições de casa são mais difíceis neste momento de crise aguda que vivemos. No entanto, não há alternativas se não iniciar de imediato, junto com o enfrentamento da conjuntura adversa, as reformas e providencias necessárias ao resgate de nossa competitividade.

    Se começarmos hoje, o efeito positivo dessas medidas levará algum tempo para ser percebido, pois os resultados de mudanças estruturais profundas não são instantâneos.

    Seus impactos na economia demoram um tempo para se consolidar e produzir resultados concretos. Por isso, precisamos de uma agenda de desenvolvimento e uma boa coordenação para que seja executada de modo planejado com eficácia, para não continuarmos comendo poeira na corrida da competitividade.

     

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