16/09/2014
Uma startup norte-americana angariou 15 milhões de dólares para desenvolver tecnologia que converte dióxido de carbono (CO2) em produtos químicos. A ideia não é nova mas o custo, o processo industrial e a fonte, são. A Liquid Light vai utilizar como matéria-prima o CO2 que resulta da atividade humana – e deste modo contribuir para reduzir, à sua escala, as concentrações deste gás de efeito de estufa.
A solução técnica é inovadora e explica-se, em traços gerais, da seguinte forma: o dióxido de carbono é recolhido de fontes industriais (uma fábrica, por exemplo), através de um sistema de catalisadores (modificadores químicos) e com recurso a energia limpa obtêm-se outros elementos químicos. Ou seja, geram-se produtos necessários utilizando pouca energia e sem recorrer a processos poluentes, pelo contrário, aproveita-se um gás poluente para os fazer.
fonte: llchemical.com/technology
Este método vai permitir criar vários tipos de compostos químicos, uma vez que muitos têm como base as moléculas de carbono (C), oxigénio (O) – compostos que estão juntos no dióxido de carbono (CO2) – e hidrogénio (H), mas a primeira aposta da Liquid Light é a produção de etilenoglicol, um álcool utilizado, entre outros, na produção de garrafas de plástico. A empresa estima que o mercado potencial vale qualquer coisa como 87 mil milhões de dólares.
A importância desta nova técnica é reforçada pela escala que pode vir a ser alcançada. A startup norte-americana afirma que a abundância da matéria-prima e o custo técnico de produção deste álcool pode reduzir o preço final em 80%. É por isso fácil de perceber o interesse dos investidores nesta nova abordagem.
Esta tecnologia vem responder (muito) parcialmente ao problema global da acumulação de gás carbónico na atmosfera, o principal responsável pelo aquecimento global. Há vários anos que muitos cientistas procuram soluções, enquanto as emissões continuam a aumentar e a capacidade regenerativa da floresta a diminuir (consequência também da sua destruição). A captura e retenção do CO2 em minas ou poços secos de gás e petróleo, situados a grande profundidade e isolados por camadas de rocha sólida, é um processo eficiente mas caro e não reconverte o dióxido de carbono como fazem as plantas, apenas o “esconde”. Por isso esta nova técnica resolve dois problemas com uma solução: aproveita o CO2 que existe (e em excesso) para produzir compostos e materiais úteis.