25/09/2013
Os entraves internos à competitividade são relevantes ao setor de transformados plásticos, assim como para toda a indústria nacional. O grande desafio, porém, é entender e se adequar à nova geografia da produção mundial de matéria-prima e do desenvolvimento de mercados concorrentes como o México. Esses foram os principais norteadores das discussões realizadas durante o 3º Seminário Competitividade: O Futuro Perfil da Transformação Brasileira de Plástico, realizado pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).
“Um enorme desafio se configura à nossa frente diante dos Estados Unidos ofertando matéria-prima a um custo muito baixo e o México tornando-se cada vez mais competitivo na transformação do plástico”, aponta o presidente da Abiplast, José Ricardo Roriz Coelho.
Os Estados Unidos passam por uma revolução energética, com o aumento da produção de petróleo e gás, este último, principalmente, a partir do advento do shale gas (gás de xisto). Além de baixar consideravelmente o custo da matéria-prima local, a oferta está fomentando o mercado, a reindustrialização e os investimentos. “O setor de plástico tem uma dinâmica mais lenta de recuperação, mas ela está ocorrendo”, destaca o consultor da Maxiquim, Otávio Carvalho. “Eles primeiro terão que dar conta de produzir para o mercado local, mas é evidente que enxergam a América Latina como um mercado “natural” ou “estratégico””.
O México, por sua vez, se beneficia diretamente do momento vivido por seu vizinho. Mas também tem feito a lição de casa, com crescimento econômico de 3,6% e participação industrial no PIB de 32,6% em 2012. Além de terem uma costa marítima favorável ao comércio, com larga extensão para os dois principais oceanos, os mexicanos têm apostado na realização de acordos bilaterais com diversos países, o que lhes rendem uma penetração considerável no comércio mundial.
O setor de transformados plásticos no México passa por um processo de consolidação que aumentou o número de companhias de grande porte. “Esta é a base para o fortalecimento do setor no México”, avalia Simone de Farias, da 2U Marketing de Inteligência.
O presidente da Braskem, Carlos Fadigas, que demonstrou os resultados e investimentos da empresa durante o Seminário, acredita que a matéria-prima de baixo custo nos Estados Unidos gera desafios para as centrais base nafta no Brasil, mas nada que comprometa o desempenho no país. “Já vivemos esta história antes com o Oriente Médio, que não tomou as proporções que se apontava”, afirma. “Temos uma agenda positiva em longo prazo, com perspectivas de redução de custo logístico, energético, desoneração e redução de taxas de juros; mas ainda sofremos no curto prazo, em especial com as variações do dólar”.
Durante sua palestra, Fadigas reforçou o compromisso da empresa com o mercado nacional e os investimentos futuros na ampliação da capacidade de químicas básicas e resinas (PE, PP, PVC e polímeros verdes), assim como a ampliação e modernização das unidades atuais.
Em relação ao cenário interno, os palestrantes ressaltaram as dificuldades de atuar no comércio exterior e os impactos da logística reversa. “Um dos itens que falta atenção, seja do governo ou do setor privado, é na qualificação da nossa mão de obra para que seja mais produtiva, tenha salários melhores e um mercado de consumo que surge a partir daí em um círculo virtuoso que permita à economia brasileira um crescimento sustentável”, ressalta o diretor titular de relações internacionais e comércio exterior da FIESP, Roberto Giannetti da Fonseca.
As novas aplicações e a imagem do plástico também foram abordados. Foram destacadas, principalmente, as vantagens da utilização do plástico, tais como leveza, moldabilidade, baixo custo e baixa degrabilidade. Outro ponto debatido foi a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e a destinação dos materiais pós-consumo, como as embalagens. “A nossa meta deveria ser não termos aterros sanitários e reciclarmos todo o nosso resíduo”, afirma o professor titular do Programa de Engenharia Química da COPPE, José Carlos Costa da Silva Pinto.
“O caminho para superar todos os obstáculos e desafios apontados aqui tem que ser construído por toda a cadeia”, afirma Roriz. “O setor apresenta pontos divergentes, mas o fato de estarmos conversando com clareza é positivo, nos leva a explicar e entender melhor o que está se passando”.
O evento contou ainda com a presença do Diretor de Negócio Polietileno da Braskem, Edison Terra; do Presidente da Packing Group, Peter Reiter; do Diretor da FFS Filmes e FFS Films America e Diretor da Abief, Abiplast, Sindiplast e Fiergs, Alfredo Schmitt; do Consultor da Fundação Getúlio Vargas e da Fipe, Amir Khair; do Sócio Diretor da Epema e Diretor da Abiplast/Sindiplast, Rogério Mani; do Diretor de Negócios Polipropileno da Braskem, Walmir Soller; do Diretor Gerente da Cimflex, Ricardo Hajaj; do Diretor da SR Embalagens e Presidente da Abief, Sérgio Carneiro; do Vice-presidente de Relações Institucionais e Desenvolvimento Sustentável da Braskem; do Vice-Presidente da Unidade de Vinílicos da Braskem, Marcelo Cerqueira; do Presidente do Instituto Trata Brasil, Edison Carlos; do Sócio e Diretor comercial da Indústria Majestic; do Consultor Sênior da Townsend Solutions, Roberto Ribeiro; e do Vice-Presidente de Plásticos para a América Latina da Dow, Fabian Gil.