16/12/2019
O ano de 2019 foi promissor para a economia circular. No Brasil e em todo o mundo, o tema está cada vez mais na ordem do dia, sobretudo nos negócios e nas empresas. A mídia também coloca a questão na agenda, com reportagens e artigos que ressaltam a importância para o desenvolvimento sustentável no longo prazo. Em outubro, o jornal Financial Times publicou editorial abordando o tema, sob o título “Circular Economy can bring benefits all round” – “A Economia Circular pode trazer benefícios em todos os setores”.
O Brasil faz parte da nova onda, uma ótima notícia, por sinal. Há um cenário favorável para a economia circular prosperar no país, com interessantes iniciativas em vários setores, incluindo a indústria. Um dado impactante revela que a tendência deve movimentar US$ 1 trilhão no mundo nos próximos 10 anos – números do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). A cifra dá a medida da onipresença do assunto.
No setor da indústria, o tópico é ainda mais debatido. Foi a bola da vez em estandes, discursos, painéis, palestras e conversas durante a edição da K2019, maior feira do mundo para a indústria de plásticos e borracha, realizada em Düsseldorf, na Alemanha. Inclusive, houve avanços para que o novo sistema seja implementado em toda a cadeia do plástico.
O horizonte auspicioso, contudo, traz enormes desafios. O principal é justamente a mudança do modelo de consumo e de produção, tanto aqui como no resto do mundo. A ABIPLAST tem compromisso e prioridade em liderar essa transformação. Há inúmeras ações e iniciativas realizadas com parceiros e associados para dar cabo ao processo de conversão.
A Rede de Cooperação para o Plástico é uma delas. Criada em abril de 2018, congrega todos os elos da cadeia produtiva estendida do plástico para debater e desenvolver a economia circular no sistema produtivo do setor. Petroquímicas, transformadores de material plástico, empresas de varejo, cooperativas, gestores de resíduos, recicladores de materiais plásticos e indústrias de bens de consumo, todos estão unidos em prol da transformação. É o primeiro projeto do país que contempla todos os elos da indústria estendida do plástico com vistas à economia circular.
No final deste ano, durante a 36ª edição do Encontro Nacional do Plástico, a ABIPLAST também anunciou um acordo de cooperação técnica com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), para trabalhar em conjunto os novos modelos de economia circular – e também de mineração urbana.
Comunicar a mudança é igualmente importante. Nas últimas décadas, sobretudo mais recentemente, o plástico e seus derivados se tornaram vilões aos olhos da sociedade. É essencial, portanto, que haja a conscientização da indústria, do governo e da população em torno da consolidação da economia circular e dos benefícios do novo modelo para a indústria do plástico.
Há que se ter noção da responsabilidade para ser o vetor da mudança, que é muito abrangente. Passa por novos modelos de negócios, novas matérias-primas, revisão e atualização de processos produtivos, investimentos em pesquisas e parcerias, bem como novas formas de lidar com resíduos, que seguramente terão maior valor e preponderância no processo produtivo do futuro.
Liderar o desenvolvimento da percepção e da responsabilidade socioambiental na indústria, bem como a mudança de modelo para a economia circular são missões obrigatórias. O presente pede novas atitudes. O futuro está logo ali.
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José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST)