DIA DO MEIO AMBIENTE: O QUE ESTUDOS DE AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA REVELAM SOBRE PRODUTOS PLÁSTICOS?

    04/06/2024

    ABIPLAST ressalta que utilizar a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é fundamental para comparar os impactos de materiais substitutos

    No dia do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de junho, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) levanta a discussão sobre o banimento do plástico que tem se intensificado com a justificativa de que materiais derivados de outras substâncias seriam menos poluentes. Na contramão deste debate, uma pesquisa realizada pela Universidade de Sheffield divulgada em abril deste ano, concluiu que substituir plásticos por alternativas como papel, vidro e metal é, na maioria dos casos, prejudicial para as emissões de gases de efeito estufa (GEE).

    O estudo analisou 16 aplicações de produtos plásticos, incluindo embalagens, materiais do setor de construção, automotivo, têxteis e bens de consumo duráveis, que coletivamente representam uma parcela significativa do uso global de plástico. Em 15 dessas aplicações, as emissões de GEE resultantes foram mais baixas em comparação com as alternativas.

    Para alcançar tal conclusão, os especialistas empregaram a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). O estudo destaca que, mesmo ao considerar apenas as emissões diretas ao longo de todo o ciclo de vida, os plásticos mantêm uma vantagem em nove das 14 aplicações analisadas. Isso se deve a fatores como a menor intensidade energética na produção e a eficiência de peso dos plásticos, que contribuem para reduzir o resíduo ambiental em comparação com alternativas como vidro ou metal. A redução nas emissões desses materiais varia de 10% a 90% ao longo do ciclo de vida do produto.

    Considerando as emissões brasileiras de GEE, segundo dados do SEEG (2023), os líderes de emissões são: Mudança de uso da terra e floresta (48%), Agropecuária (27%), Energia (18%), Resíduos (4%) e Processos Industriais e Uso de Produtos (3%). Em relação ao plástico, segundo a pesquisa da McKinsey & Company (2022), intitulada “Climate Impact of Plastics” (Impacto Climático dos Plásticos), os materiais analisados no estudo contribuem menos para as emissões totais de GEE em comparação com suas alternativas.

    No caso das embalagens para alimentos e bebidas, em 74% das amostras testadas, os plásticos eram mais recicláveis do que as alternativas compostas de papel, conforme o relatório “Disposable Paper-based Food Packaging – The false solution to the packing waste crisis” (Embalagens Alimentares Descartáveis à Base de Papel: A Falsa Solução para a Crise das Embalagens), encomendado pela Rethink Plastic Alliance, Zero Waste Europe, the European Environmental Bureau, Fern, and the Environmental Paper Network.

    O estudo “Life cycle assessment of supermarket carrier bags: a review of the bags available in 2006” (Avaliação do Ciclo de Vida de Sacolas de Supermercado: Uma Revisão das Sacolas Disponíveis em 2006), da Environment Agency, que considera sacolas plásticas e outros materiais alternativos, indica que a sacola de polietileno de alta densidade (PEAD) convencional teve o menor impacto ambiental em oito das nove categorias de impacto investigadas. O estudo levou em consideração a produção e utilização de sacolas de papel, de algodão e de outras composições poliméricas.

    Para a Associação, os exemplos acima enfatizam a necessidade de análise sistêmica para avaliar impactos relativos a processos e produtos. A entidade considera fundamental a abordagem utilizando estudos de Avaliação do Ciclo de Vida para comparar qualquer impacto e material substituto, abrangendo desde a extração de recursos, até a reintrodução no ciclo produtivo ou descarte.

    “É essencial definir critérios para alternativas mais sustentáveis, ou que possam ser substitutas, a partir de estudos científicos específicos, considerando toda a cadeia de produção, consumo e descarte do produto. Nesse sentido, a ACV, que é padronizada pelas normas ISO 14040 e 14044 da International Organization for Standardization (Organização Internacional de Padronização (ISO)) é uma importante ferramenta que quantifica os impactos ambientais de um produto ou serviço, considerando todo o seu ciclo de vida”, comenta Paulo Teixeira, presidente-executivo da ABIPLAST.

    O estudo de Sheffield também aborda questões de alta complexidade dos impactos indiretos dos sistemas de suporte dos plásticos em várias aplicações, como no isolamento e nos tanques para combustível de veículos híbridos, em que esses impactos superam as emissões diretas, oferecendo uma visão diferenciada de seu desempenho ambiental.

    De acordo com os especialistas da Universidade, os resultados da investigação sugerem que a otimização do uso do plástico, o prolongamento da vida útil dos produtos, o aumento das taxas de reciclagem e a melhoria dos sistemas de coleta de resíduos podem oferecer estratégias mais eficazes para a redução das emissões associadas aos resíduos plásticos.

    “Estudos com indicadores numéricos descontextualizados podem levar a uma percepção equivocada de que os materiais plásticos são prejudiciais. Em toda produção é inevitável a ocorrência de impactos, tornando crucial a busca por estratégias que minimizem tanto os impactos quanto às externalidades negativas associadas”, conclui Paulo.

    Sobre a ABIPLAST

    A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) representa o setor de transformados plásticos e reciclagem desde 1967, atuando para aumentar a competitividade da indústria. Para isso, realiza ações que promovem novas tecnologias, novos processos, pesquisa de produtos com foco na sustentabilidade, entre outras. Há anos, a concreta implementação da economia circular na cadeia produtiva está no topo das prioridades da ABIPLAST. A entidade, referência no tema, desenvolve juntamente com seus associados ações que preparem os setores para a atual realidade que se delineia, avançando em direção a resultados efetivos. A ABIPLAST representa atualmente cerca de 12,6 mil empresas que empregam cerca de 360 mil pessoas.

     

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