16/05/2022
Proposta da ferramenta “Retorna” é fomentar o redesign e proporcionar que a embalagem seja capaz de retornar ao ciclo produtivo
É possível saber se a embalagem de um produto, a partir dos materiais plásticos que a compõem, é facilmente reciclável ou não? É sim. E é exatamente o que propõe a ferramenta “Retorna”, desenvolvida por especialistas da Rede pela Circularidade do Plástico para que designers de embalagens avaliem a capacidade de reciclabilidade das embalagens plásticas pós-consumo de produtos não perigosos a partir de aspectos técnicos, econômicos e de regionalidade. Vale ressaltar que a ferramenta não avalia embalagens para produtos perigosos, pois essas seguem legislações e regulações específicas que não se enquadram no escopo da Retorna.
A Retorna é a primeira ferramenta on-line e gratuita a calcular o índice de reciclabilidade da embalagem plástica pós-consumo considerando o cenário brasileiro – e com as especificidades de cada região. É composta por um questionário que avalia a embalagem usando notas que vão de A até E e afirma, com isso, se ela é facilmente reciclável ou não. A inspiração foi uma ferramenta que já existe na Europa, mas que considera a realidade do continente.
A ferramenta foi construída considerando, primeiramente, os requisitos técnicos das embalagens quanto ao seu design, materiais utilizados na composição, performance da embalagem e formato, por exemplo. Complementando esse estudo técnico, foi aplicada a metodologia na prática, de acordo com a realidade brasileira, com estudos de campo e entrevistas com os principais elos da cadeia produtiva do plástico. A meta foi avaliar requisitos de mercado e regionalidade quanto à coleta seletiva, incentivos, infraestrutura regional, custos de logística, volume gerado x capacidade de reciclagem na região e outras importantes questões relacionadas à reciclagem de embalagens plásticas.
“A ferramenta verifica os tipos e quantas camadas de materiais plásticos que compõem a embalagem, da tampa ao rótulo, e informa se esse material é reciclável ou não”, afirma Paulo Teixeira, diretor superintendente da ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), instituição que mobilizou em 2018, a criação da Rede pela Circularidade do Plástico.
“E aí avaliamos quesitos de regionalidade, por exemplo: uma embalagem pode ser perfeitamente reciclada em uma cidade que tenha mais estrutura para isso, mas não em uma que não tenha, ou tenha menos”, ilustra.
A partir dessas informações, a ferramenta gera uma classificação que varia de A a E, onde A significa dizer que a embalagem é plenamente reciclada em qualquer região do país, e o E, que ela ou a cadeia de reciclagem precisam melhorar para que a reciclagem seja possível.
A Retorna funciona a partir do fornecimento de dados sobre a embalagem, por parte do usuário da ferramenta, partindo da pergunta inicial sobre se tratar de uma embalagem rígida ou flexível. Em seguida, a pessoa deve informar, por exemplo, sobre tipo de material, de estrutura, se há rótulo ou se essas informações são impressas diretamente na embalagem, até a ferramenta gerar uma classificação.
As vantagens de se usar a ferramenta, de acordo com o diretor superintendente da ABIPLAST, é otimizar a produção das embalagens de modo a se evitarem problemas na cadeia de reciclagem. “Uma embalagem A, por exemplo, vai poder ser plenamente reciclada e vai voltar para o ciclo produtivo. Constatar que sua embalagem é classificação C, por outro lado, mostra que é preciso trabalhar essa embalagem para que ela seja mais facilmente reciclada – o que está totalmente inserido na discussão da economia circular, já que um dos contextos dela é justamente o redesign: trabalhar a embalagem ou o produto para que ele seja passível de retornar ao ciclo produtivo”, define Teixeira.
Além de designers, a ferramenta se destina também a desenvolvedores e utilizadores de embalagens, transformadores e recicladores.
A ferramenta Retorna pode ser acessada aqui.
Sobre a Rede
A Rede pela Circularidade do Plástico é a primeira iniciativa brasileira – e também a maior – a favor da Economia Circular do Plástico, envolvendo todos os elos do ciclo de vida das embalagens plásticas e trazendo com isso poderosas conexões, valiosas discussões, busca constante por inovação, parceria e engajamento de toda a cadeia em prol do mesmo objetivo: que o plástico circule.
Criada em abril de 2018 por uma iniciativa da ABIPLAST, hoje a REDE reúne dezenas de empresas e parceiros no desafio de avançar na Economia Circular do Plástico.