Feira apresentou o protagonismo da indústria do plástico com soluções tecnológicas e iniciativas sustentáveis

A 4ª edição da Plástico Brasil, maior feira de soluções para a indústria do plástico na América Latina, foi marcada pela presença de empresas do setor e expositores nacionais e internacionais. Com mais de 60 mil visitantes, o evento, uma iniciativa da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), reforçou seu protagonismo ao apresentar iniciativas inovadoras que integram tecnologia, sustentabilidade e economia circular.

Durante a abertura, o presidente da ABIPLAST, José Ricardo Roriz Coelho, destacou a importância estratégica do setor do plástico na indústria brasileira, que é o quarto maior segmento industrial do país. “No Brasil, o setor fatura mais de R$ 130 bilhões por ano e emprega diretamente cerca de 379 mil profissionais em mais de 14.200 empresas de transformação e reciclagem. Mais do que gerar empregos e movimentar a economia, essa indústria agrega valor à cadeia produtiva. A cada unidade de matéria-prima utilizada, conseguimos multiplicar seu valor, em média, por dez vezes. Esse poder de transformação é um diferencial do setor, que não apenas gera riqueza, mas também contribui para a modernização de outros segmentos industriais”, afirmou.

Roriz também ressaltou a influência do plástico em diversos setores da economia. “Ele impulsiona o crescimento de segmentos como construção civil, alimentos e bebidas, setor automobilístico e, principalmente, a área da saúde, através de insumos cirúrgicos. A relevância do plástico é tamanha que existe uma correlação de quase 95% entre o setor e o PIB, reforçando seu impacto econômico. Como costumo dizer: onde tem PIB, tem plástico.”

A feira foi um palco estratégico para apresentação de novos projetos, avanços em matérias-primas, modernização de maquinário e soluções para reciclagem. “Precisamos reciclar cada vez mais, incentivar a coleta seletiva e trabalhar em conjunto com a sociedade para ampliar o reaproveitamento de materiais. É essencial criar políticas públicas que favoreçam a incorporação de conteúdo reciclado nos produtos e que estimulem a inovação e o desenvolvimento de soluções sustentáveis”, concluiu Roriz.

Iniciativas da ABIPLAST

A ABIPLAST promoveu um encontro com seus associados durante a Feira Plástico Brasil, com o tema “Conexões que Transformam”. O evento, que contou com a presença do especialista em inovação e economia digital Gil Giardelli, cativou os convidados ao discutir o tema “Futuro Inteligente”. O palestrante define a Indústria 6.0 como a próxima revolução industrial, caracterizada pela integração avançada de tecnologias emergentes, como inteligência artificial (IA), robótica humanoide, computação quântica e blockchain, visando transformar processos produtivos e modelos de negócios.

Em sua palestra, Giardelli explicou como a Indústria 6.0 está revolucionando diversos setores, o que exemplifica a automação inteligente e a colaboração entre humanos e máquinas. Além disso, ele enfatiza a importância da inovação radical e das deep techs — tecnologias de ponta que oferecem soluções disruptivas — promovendo uma transformação significativa na maneira como as empresas operam e competem no mercado.

O encontro teve ainda uma mesa redonda liderada por Mathias Mangels, presidente da RethinkingWorks. Ele compartilhou valiosas estratégias corporativas e oportunidades de investimento que podem impulsionar o setor plástico.

Movimento Plástico Transforma

O Movimento Plástico Transforma, iniciativa do PICPlast (Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico), criado pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e pela Braskem, também marcou presença na 4ª edição da Feira Plástico Brasil. Um dos grandes destaques foi um jogo de videogame com tecnologia Kinect, em que, por meio de sensores de movimento, os jogadores coletavam resíduos e realizavam o descarte correto do plástico nas lixeiras apropriadas. A iniciativa demonstrou, de forma lúdica e interativa como a coleta seletiva pode ser simples e acessível.

Além do jogo, os visitantes puderam acompanhar de perto o funcionamento de uma impressora 3D, que transforma plástico em novos produtos, como chaveiros e miniaturas, reforçando a versatilidade do material e sua importância para a inovação. A demonstração evidenciou as inúmeras possibilidades de reaproveitamento e reciclagem dentro da economia circular.

Inovação que gera inclusão social

O Instituto Soul do Plástico, em parceria com a Escola Técnica Estadual (ETEC) de Mairiporã, cujo objetivo é prolongar a vida útil do plástico, apresentou um projeto que consiste em demonstrar um processo interativo de reciclagem que transforma tampinhas plásticas em novos produtos com maior valor agregado, como suportes para celulares, utilizando um moinho e uma injetora adaptados para essa operação.

“O Instituto Soul do Plástico está presente com jovens alunos da ETEC em um projeto de microssistema de reciclagem. Eles trabalham com polipropileno, utilizando tampinhas e potes de requeijão, que são moídos e levados a uma injetora de cunho educacional. O valor arrecadado com esse projeto será revertido para a formatura desses alunos. Com o apoio da Prefeitura de Mairiporã, que sempre colabora com nossos projetos, conseguimos estruturar uma cadeia que envolve educação ambiental, industrialização, comercialização, educação financeira e inclusão. Muitos desses alunos não teriam condições de custear a própria formatura, mas, graças ao projeto, terão a oportunidade de celebrar essa conquista em grande estilo. Para se ter uma ideia do impacto, a tampinha de plástico que antes valia R$ 3,00 o quilo pode ser transformada em até R$ 1.000,00 por quilo”, conta Rui Katsuno, fundador do Instituto Soul do Plástico e Vice-Presidente da CSMAIP – Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios da Indústria do Plástico da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.

Rui diz ainda que o projeto também beneficiará a Central Única das Favelas (CUFA) do Amazonas. “O projeto de reciclagem transforma tampas de plástico em produtos de valor agregado, como suportes para celulares. Com a renda revertida, a CUFA vai realizar treinamentos para jovens da região que estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Iniciativas como esta são essenciais para demonstrar o potencial da indústria do plástico em se transformar, promover a educação e causar um impacto positivo na sociedade”.

“Se um projeto pequeno como esse tem um impacto tão significativo, imagine o que a indústria pode fazer em larga escala. O setor já está preparado para processar esses resíduos, mas é fundamental que a população colabore separando os materiais em casa. Com uma coleta seletiva eficiente, podemos gerar benefícios ambientais e econômicos expressivos para toda a sociedade”, enfatiza Katsuno.

Com um papel estratégico no desenvolvimento de soluções inovadoras para o setor, o SENAI-SP levou cases de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) que demonstram como a inovação pode transformar processos produtivos e aumentar a sustentabilidade da indústria. Os visitantes conheceram detalhes sobre as soluções tecnológicas e de pesquisa aplicada por meio de totens informativos e amostras de projetos desenvolvidos pelos pesquisadores dos Institutos SENAI de Inovação e Tecnologia. Outro destaque do SENAI foi o PotencializEE, programa que apoia pequenas e médias indústrias paulistas na implementação de medidas de eficiência energética.

Iniciativas voltadas para ESG e reciclagem

A parceria com o projeto Tampinha Legal, seguiu nesta edição com maior presença na feira, promovendo a coleta para reciclagem de tampinhas plásticas, além de incentivar a conscientização ambiental por meio de apresentações no Parque de ideias. O projeto destinará os recursos arrecadados para causas sociais, unindo sustentabilidade e impacto positivo na comunidade.

Outro destaque foi o Projeto Recicla Plástico Brasil, uma iniciativa voltada para o fortalecimento da cadeia de reciclagem, que promoveu a integração entre empresas, organizações e a sociedade. A proposta buscou aumentar a circularidade do plástico e incentivar práticas mais sustentáveis em toda a cadeia produtiva.

O evento também promoveu a iniciativa Segunda Sustentável, que incentiva o consumo responsável do plástico, propondo mudanças de comportamento que visam minimizar impactos ambientais. A ação reforça a importância da reutilização e do descarte adequado, estimulando atitudes mais conscientes por parte de empresas e consumidores.

A empresa brasileira Ecoloop também marcou presença na feira, mostrando sua solução que consiste em uma máquina de coleta seletiva de garrafas que pode ser implantada em empresas, escolas e instituições para que o público destine sua garrafa lá e em troca, ganhe pontos para trocar por brindes.