24/04/2025
Webinar marca os sete anos da iniciativa e reforça protagonismo do setor produtivo na economia circular do plástico no Brasil
A Rede Pela Circularidade do Plástico, criada pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), realizou um webinar para apresentar ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) um conjunto de iniciativas voltadas à circularidade de embalagens plásticas flexíveis – consideradas um dos principais desafios globais da reciclagem.
O encontro virtual reuniu cerca de 20 participantes, entre representantes do governo federal, setor privado e especialistas técnicos. Ao todo, foram compartilhadas 14 soluções desenvolvidas por empresas integrantes da Rede, com foco em modelos já aplicados em escala industrial.
Entre os exemplos destacados estão: embalagens com conteúdo reciclado; tampas injetadas com BOPP pós-consumo; embalagens monomateriais para ração animal; e até parques pets construídos com plásticos flexíveis reciclados, gerando impacto positivo em cooperativas de catadores.
Além de demonstrar o comprometimento do setor produtivo, a apresentação também reforçou o posicionamento da indústria brasileira nas discussões internacionais sobre o Tratado Global contra a Poluição por Plásticos. A ABIPLAST tem acompanhado de perto as negociações do Comitê Intergovernamental de Negociação, defendendo a criação de um instrumento jurídico internacional robusto e vinculativo para combater a poluição plástica. A entidade destaca, no entanto, a importância de que o tratado leve em consideração as particularidades regionais de cada país.
As embalagens flexíveis, em especial, são frequentemente citadas nos fóruns internacionais como um dos maiores desafios para a reciclagem. No entanto, os projetos apresentados durante o webinar mostram que soluções viáveis e em escala já estão sendo implementadas no Brasil.
“As práticas apresentadas ao MMA mostram que a transição para a circularidade já está em curso. As indústrias estão mobilizadas, e a Rede se consolida como uma iniciativa estratégica para ser referência em conhecimento sobre circularidade do plástico no Brasil”, afirmou Camilla Guimarães, coordenadora da Rede Pela Circularidade do Plástico.
Durante a reunião, representantes do Ministério do Meio Ambiente reafirmaram o compromisso do governo com a agenda da circularidade. Um novo decreto com metas obrigatórias de conteúdo reciclado deve ser publicado em breve, com exigência de rastreabilidade garantida pela plataforma Recircula Brasil — desenvolvida pela ABIPLAST em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
O Ministério também demonstrou interesse em ampliar a visibilidade das ações promovidas pela Rede, como o projeto Circularize, que orienta cooperativas e catadores na separação correta dos resíduos plásticos e na padronização de nomenclaturas, facilitando a comercialização com a indústria recicladora. “Temos interesse em disseminar materiais didáticos acessíveis aos catadores. Ajudar na separação correta e aumentar a reciclagem é fundamental”, completou Sabrina Andrade, coordenadora-geral de Logística Reversa do Departamento de Gestão de Resíduos do MMA.
Para Mariana Nascimento Analista Ambiental do Departamento de Gestão de Resíduos do Ministério, as iniciativas apresentadas são um ótimo exemplo de como a cadeia está se organizando. “Foram casos muito interessantes. É bom ver que está todo mundo se mexendo, buscando melhorias”, avalia.
“Estar junto com outras empresas da REDE em uma reunião técnica com a equipe da coordenadoria-Geral de Logística Reversa foi excelente. Essa foi a segunda reunião técnica em que a REDE pôde não apenas apresentar as ações que tem desenvolvido — como os Guias de Design, o RETORNA, o Circularize, o Reflexível e o CirculaFlex —, mas também mostrar que as empresas, individualmente e em suas respectivas áreas de atuação, já estão trabalhando com o mesmo propósito: aumentar a circularidade do plástico, em especial das embalagens plásticas flexíveis”, comenta Juliana Seidel, da empresa Amcor, líder do Eixo de Design de Embalagens na REDE e esteve presente na reunião.
Rede celebra 7 anos de atuação
Em abril, a Rede Pela Circularidade do Plástico completa sete anos. A iniciativa reúne atualmente mais de 60 organizações que representam todos os elos da cadeia do plástico — de petroquímicas a recicladores, passando por indústrias de bens de consumo, varejistas, cooperativas e consumidores.
A atuação da Rede se estrutura em cinco eixos:
- Design de embalagens, com foco em soluções recicláveis, reutilizáveis ou biodegradáveis;
- Logística e infraestrutura, com modelos de coleta e transporte adaptados às realidades locais;
- Políticas públicas, para ampliar os incentivos à reciclagem;
- Comunicação, voltada à disseminação de conhecimento técnico e boas práticas;
- Governança, para assegurar a sustentabilidade jurídica e financeira da iniciativa.
Ao longo dos anos, a REDE entregou à sociedade diversos projetos significativos, como o RETORNA 2.0, ferramenta online gratuita que avalia o índice de reciclabilidade de embalagens plásticas. A plataforma auxilia empresas a desenvolver opções mais recicláveis, considerando as especificidades regionais do Brasil. Em 2024, foram realizadas 1095 análises, contando com a participação de 515 usuários cadastrados, representando agora 299 empresas.
Outro destaque é o Circularize, projeto que visa estreitar laços comerciais entre cooperativas e recicladoras de plástico. O portal oferece guias técnicos para otimizar a entrega de matéria-prima e padronizar a sucata de plástico para agregar valor e facilitar sua comercialização. O Circula Flex é outra iniciativa relevante, focada em logística reversa para embalagens flexíveis, unindo cooperativas e recicladores para aumentar o volume reciclado desse material, já são 22 recicladores e 54 cooperativas participantes.
Em nível municipal, a Rede tem apoiado projetos como o Recicla Guarujá em 2022-2023. Em fase de implementação o Recicla Praia Grande e Bertioga, lançados em janeiro e outubro de 2024 em parceria com o Movimento Plástico Transforma. As ações incluem capacitação de cooperativas, educação ambiental e aumento da coleta seletiva. Juntas, essas iniciativas já contribuíram para a reciclagem de mais de 170 toneladas de plástico.